Cristo na História


Poucos personagens históricos exerceram sobre a história uma influência comparável à de Jesus Cristo. Qualquer que seja a óptica religiosa, filosófica ou política que define sua imagem — a de Filho de Deus, a de moralista sonhador ou a de revolucionário —, o fato é que Jesus produziu uma das alterações mais profundas já ocorridas na civilização e levou a uma visão radicalmente nova do mundo e da humanidade.

Seu nascimento


Jesus Cristo, ou Jesus de Nazaré, nasceu em Belém da Judéia, provavelmente entre os anos 6 e 7 a.C. O aparente paradoxo se deve a um erro de datação atribuído ao monge Dionísio o Pequeno, encarregado pelo papa, no século V, de organizar um calendário. O dia 25 de dezembro foi fixado no ano 440 da era cristã como data do nascimento de Cristo com o fim de cristianizar a festa pagã realizada naquele dia.

Sua missão


Para os cristãos, Jesus Cristo é o filho de Deus e a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que veio ao mundo para pregar o Evangelho, palavra de origem grega que significa boa-nova. Condenado à morte na cruz pelo governador romano Pôncio Pilatos, ressuscitou no terceiro dia e ascendeu aos céus, depois de haver deixado a seus discípulos a missão de difundir sua doutrina por todo o mundo, até a consumação dos séculos.

Fontes históricas


As referências históricas à existência de Jesus Cristo revelam diferenças segundo sua procedência seja cristã ou não cristã.

Fontes cristãs


O principal testemunho cristão sobre Jesus são os quatro evangelhos canônicos. Resumem, cada um a sua maneira, a catequese oral dos primeiros decênios do cristianismo sobre a pessoa, as palavras e as obras de Jesus. Relatam também as reações de seu povo: muitos acreditaram nele, outros não o compreenderam e o rejeitaram. Esses escritos básicos da fé cristã coincidem entre si e com muitos pontos do testemunho de outros historiadores da época.
Os quatro Evangelhos foram escritos originalmente em grego, se bem que o de Mateus pode provir de um texto anterior, em aramaico. Parece certo que os evangelhos sinópticos foram escritos antes do ano 80, e o de João em finais do século I. Neles fica manifesta a diferente personalidade de seus autores, embora tenham um ponto comum, pois, superpondo-se os quatro Evangelhos, neles se encontra uma "imagem única" na história: a do judeu que supera o judaísmo, a do homem que ultrapassa a humanidade e a do Homem-Deus, Jesus de Nazaré, protagonista e herói de uma narração que não é quádrupla mas única.
Os evangelhos canônicos não foram as únicas narrativas cristãs sobre a vida de Jesus. Escreveram-se muitas outras, não reconhecidas por nenhuma igreja cristã e de características geralmente mais fantásticas, agrupadas sob o nome de evangelhos apócrifos -- segundo a terminologia católica -- ou pseudo-apócrifos -- para os protestantes.

Fontes não-cristãs


Entre as fontes não-cristãs, destaca-se a do judeu Flávio Josefo, historiador da corte romana de Domiciano, que se referiu à morte de são João Batista em termos que coincidem substancialmente com o relato evangélico. Menciona também o martírio de Tiago, "irmão daquele Jesus que é chamado Cristo". Outras passagens de Flávio Josefo, que se referem também aos milagres e à ressurreição, devem-se provavelmente a uma interpolação cristã posterior.
O maior dos historiadores romanos, Tácito, também mencionou a figura de Cristo, ao referir-se ao incêndio de Roma. Nero, para desculpar-se, atribuiu o incêndio aos cristãos, cujo nome, afirma Tácito, "lhes vem de Cristo, o qual, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício ...".
A tradição judaica recolhe também notícias acerca de Jesus. Assim, no Talmude de Jerusalém e no da Babilônia incluem-se dados que, evidentemente, contradizem a visão cristã, mas que confirmam a existência histórica de Jesus de Nazaré.

Nenhum comentário:

Postar um comentário